Diversas dúvidas pairam sobre a cabeça do empreendedor de primeira viagem. Uma das mais frequentes diz respeito à opção de buscar uma franquia, ao invés de abrir uma empresa por conta própria.
O modelo de franquias caracteriza-se por ser um sistema onde o franqueador concede ao franqueado, por meio de um contrato, o direito de uso de uma marca (ou patente), da distribuição dos seus produtos e serviços e, eventualmente, tecnologias e processos de gestão e operação do negócio. No ano de 2016, o setor faturou R$ 151,2 bilhões por meio de 142 mil unidades de mais de 3.000 redes, empregando 1,19 milhões de pessoas no Brasil. Segundo ranking da ABF divulgado pela Exame, as 5 maiores redes de franquia do Brasil são O Boticário, Subway, Cacau Show, Am Pm Mini Market e Colchões Ortobom.
Existem argumentos a favor e contra esse modelo.
Vantagens das franquias
As principais vantagens para o empreendedor que opta por essa alternativa são relacionadas ao menor risco. Nas franquias, o modelo de negócios já vem pronto para o empreendedor, que não precisa tomar decisões difíceis, como portfólio de produtos, precificação, posicionamento, estrutura de processos e fornecedores. As informações de mercado já são conhecidas, bem como os investimentos necessários e o tempo médio de retorno. Adicionalmente, a marca já está estabelecida e reconhecida.
As melhores franqueadoras, além de fornecer o modelo de negócio, também fornecem direcionamento, aconselhamento, educação e sistemas de gestão para apoiar o empreendedor a operar, da melhor forma possível, o seu negócio. Isso sem falar das trocas com os “companheiros de viagem”, ou seja, os demais franqueados.
Por conta disso, os índices de mortalidade são significativamente menores que os de negócios próprios (6% das franquias contra 23,4% das novas empresas em geral em um período de dois anos, apontam as pesquisas mais recentes). Adicionalmente, essa costuma ser uma opção muito procurada em tempos de incerteza e crises. Basta dizer que o crescimento do faturamento das franquias no Brasil foi de 8,3% em 2016 e a projeção para 2017 é de 7 a 9% (em número de unidades, os valores são 3,1% e 4% a 5%, respectivamente), segundos dados da ABF.
Desvantagens e potenciais riscos
Além do valor a ser pago ao franqueador, a principal desvantagem do modelo de franquias é a menor liberdade de escolha por parte do empreendedor em relação a aspectos fundamentais da estratégia e do modelo de negócios. Por vezes, o modelo da franqueadora, por ser padronizado, pode conter elementos inadequados para uma região específica. Tal estrutura, respaldada pelo contrato, pode “engessar” a operação do empreendedor, que poderá não aproveitar oportunidades específicas.
Outro risco do modelo relaciona-se à escolha da franquia. Esse tipo de relação é como um casamento, portanto vale a pena pesquisar muito antes de escolher. Isso envolve conversar com franqueados atuais e identificar com cautela potenciais “armadilhas” na relação. Dada a natureza da relação, o modelo de contrato franqueado-franqueador envolve o que a literatura de economia chama de “investimentos idiossincráticos”. Trata-se de investimentos específicos feitos pelo franqueado, que não podem ser usados para nada que não a operação da franquia em si. Isso faz com que o poder de negociação do franqueador em relação ao franqueado seja potencialmente grande. Vale a pena entender se, historicamente, o franqueador usou desse maior poder para cometer abusos ou se a relação de parceria se manteve, mesmo em momentos de crise.
Em suma, a escolha entre a abertura de um negócio próprio do zero ou com o auxílio de franquias depende de alguns fatores, desde a capacitação e preparação do empreendedor, existência de uma ideia já desenhada do modelo de negócio e capacidade de buscar e estabelecer uma parceria de confiança com um parceiro de longo prazo. Cabe ao potencial empreendedor ponderar entre todos os fatores e fazer uma escolha consciente.
Fonte: Exame